Posso fazer o que quero. O tempo está ai,disponível e eu o que quero? Nada me impede e tudo me limita. Estou só, e agora? Vou ou não vou? Fico ou não fico? Falo ou não falo? No momento estou preferindo não falar. O tempo é longo, o movimento é lento, e rápido, ao mesmo tempo. Sem atenção, o tempo escapa.
Pinto ou não pinto? O que pinto nem sempre agrada, mas é para agradar? Agradar a quem? Gostaria de ter respostas, não tenho, tudo é dúvida, tudo escorrega, escapa, parece que não tenho raízes, será verdade?
Vivo no limite, sempre! Posso ou não posso? Quero ou não quero?
A questão é: tenho que dizer? Que revelar? As imagens que produzo transmitem isso? Ou é pura enganação?
Como reagir a toda essa angústia?
Minha pintura é o reflexo dessa angústia, que muitas vezes me faz querer desistir, mas por outro lado, o impulso de combater esse sentimento é forte. Em cada tela em branco renasce a esperança de realizar o desejo de traduzir em traços e cores essas sensações que nem sempre tem nome.
domingo, 25 de novembro de 2007
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Retrospecto
De 1994 a 2007
texto de apresentação
Os artistas contemporâneos, ou seja, com produções realizadas após os anos 50 do século XX, continuaram uma certa tradição moderna no que diz respeito à inovação e a subversão de valores formais e estéticos estabelecidos durante séculos de história da arte. Surgiram os objetos de arte, ainda nos primeiros anos do século XX, a partir da mente questionadora e inquestionavelmente original de Marcel Duchamp; a exacerbação, e até elogio da sociedade de consumo, por meio de imagens propagadas nos meios de comunicação de massa e nos ícones da chamada cultura pop que foram usados como referências para criação plástica; as performances e happenings, dos anos 60 e 70, que mesclaram as artes visuais às artes cênicas, causando alvoroço, espanto e êxtase em suas apresentações; além de uma infinidade de linguagens e conceitos que são absorvidos, lidos e relidos pelos artistas atuais a fim de apresentar sempre o novo, o jovem, o autêntico. A novidade passa a ser motor que move a criatividade artística e que faz girar o mundo contemporâneo. Do âmbito das artes visuais, essa sede pelo novo, transfere-se para outras esferas da vida, fato que a primeira vista pode parecer interessante, “um olhar ininterrupto para o futuro”, mas que requer certa reflexão, uma vez que, o que faremos da chamada “tradição”? Ela perde seu valor? Ou seja, as linguagens expressivas tradicionais das artes visuais como o desenho, a gravura, a escultura e a pintura, devem ser negligenciadas em detrimento do novo? Deixam de serem belas, interessantes, questionadoras? Artistas como a paulistana Vera Cavallari procuram incessantemente revalorizar e ressignificar o ato da pintura, em uma busca incansável pelas diversas leituras conceituais, cromáticas e sensoriais que a tríade aparentemente datada “tela, pincel e tinta” podem fazer emergir a partir de suas pesquisas e experiências criativas. Como muitos artistas, Vera iniciou suas pinturas a partir da figuração, com as telas que foram expostas na mostra Musas (1999), entretanto, o gesto e a cor solicitaram mais espaço em sua obra. Assim, também como outras trajetórias artísticas sérias e persistentes, Vera caminhou para a abstração e para campos de cor que vibram de maneiras distintas: ora por meio de pinturas que recordam revestimentos cerâmicos (a série enumerada intitulada Grades), ora por aquelas que trazem à tona um certo Mark Rothko . Mas, sempre em busca das sensações, combinações e inúmeras possibilidades das nuances que podem ornar entre si ou se expelir por meio dos contrastes. Além disso, há o desenvolvimento de uma pesquisa extensa relacionada aos variados tons de cinza e às quinas, ou cantos, como se fosse um beco sem saída, se formos nos referir ao figurativo, sempre tão presente nas interpretações da arte abstrata. A diferença é que nesse beco tem saída: a da arte que reinterpreta e se reinventa nas técnicas tradicionais, como a da Vera Cavallari.
Renata Felinto
Mestre em Artes Visuais, 2007
texto de apresentação
Os artistas contemporâneos, ou seja, com produções realizadas após os anos 50 do século XX, continuaram uma certa tradição moderna no que diz respeito à inovação e a subversão de valores formais e estéticos estabelecidos durante séculos de história da arte. Surgiram os objetos de arte, ainda nos primeiros anos do século XX, a partir da mente questionadora e inquestionavelmente original de Marcel Duchamp; a exacerbação, e até elogio da sociedade de consumo, por meio de imagens propagadas nos meios de comunicação de massa e nos ícones da chamada cultura pop que foram usados como referências para criação plástica; as performances e happenings, dos anos 60 e 70, que mesclaram as artes visuais às artes cênicas, causando alvoroço, espanto e êxtase em suas apresentações; além de uma infinidade de linguagens e conceitos que são absorvidos, lidos e relidos pelos artistas atuais a fim de apresentar sempre o novo, o jovem, o autêntico. A novidade passa a ser motor que move a criatividade artística e que faz girar o mundo contemporâneo. Do âmbito das artes visuais, essa sede pelo novo, transfere-se para outras esferas da vida, fato que a primeira vista pode parecer interessante, “um olhar ininterrupto para o futuro”, mas que requer certa reflexão, uma vez que, o que faremos da chamada “tradição”? Ela perde seu valor? Ou seja, as linguagens expressivas tradicionais das artes visuais como o desenho, a gravura, a escultura e a pintura, devem ser negligenciadas em detrimento do novo? Deixam de serem belas, interessantes, questionadoras? Artistas como a paulistana Vera Cavallari procuram incessantemente revalorizar e ressignificar o ato da pintura, em uma busca incansável pelas diversas leituras conceituais, cromáticas e sensoriais que a tríade aparentemente datada “tela, pincel e tinta” podem fazer emergir a partir de suas pesquisas e experiências criativas. Como muitos artistas, Vera iniciou suas pinturas a partir da figuração, com as telas que foram expostas na mostra Musas (1999), entretanto, o gesto e a cor solicitaram mais espaço em sua obra. Assim, também como outras trajetórias artísticas sérias e persistentes, Vera caminhou para a abstração e para campos de cor que vibram de maneiras distintas: ora por meio de pinturas que recordam revestimentos cerâmicos (a série enumerada intitulada Grades), ora por aquelas que trazem à tona um certo Mark Rothko . Mas, sempre em busca das sensações, combinações e inúmeras possibilidades das nuances que podem ornar entre si ou se expelir por meio dos contrastes. Além disso, há o desenvolvimento de uma pesquisa extensa relacionada aos variados tons de cinza e às quinas, ou cantos, como se fosse um beco sem saída, se formos nos referir ao figurativo, sempre tão presente nas interpretações da arte abstrata. A diferença é que nesse beco tem saída: a da arte que reinterpreta e se reinventa nas técnicas tradicionais, como a da Vera Cavallari.
Renata Felinto
Mestre em Artes Visuais, 2007
Marcadores:
Marcel Duchamp,
Mark Rothko,
Vera Cavallari
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